uma atriz magra vestida com um longo e leve vestido brando entra em cena andando bem lentamente, como q indecisa, confusa, olhar vago. assim percorre o palco numa diagonal da esquerda para direita.
um ator com roupa preta de sensaio fazendo pressão com o dedo na boca de uma magueira d´água, fazendo com q a água esguiche como chuva. e assim o ator acompanha a atriz fazendo q chova sobre ela. somente nela.
a camisola branca começa a ficar trasparente, revelando um corpo sem roupas intimas.
num certo momento da tragetária da atriz ela comça um lamento inconstante com variações no lento... ora reconhendo-se num profundo sofrer, ora implorando aos céus. seus "movimentos lamentantes" ganham fluidez.
durante toda esta cena esta um ator no centro do palco muito bem vestido com um casaco sentado numa cadeira.
com as pontas da mão direita começa a percorrer uma tragetória sobre sua pele. percebendo sua anatomia e formato. enquanto realiza esta ação diz o texto:
_ O tempo deixa tombar uma gota. a gota q se formou no telhado da alma despenca. condensando-se sobre o telhado da minha mente, o tempo deixa tombar sua gota. na ultima vez q me barbeei a gota caiu. Eu, parado com meu barbeador na mão, subitamente tomei consciencia na natureza abitual do meu ato ( esta é a gota se formando) e ironicamente congratulei minhas mãos por realizarem isso. Barbear, barbear, disse eu. Sigam barbeando. A gota também. Durante todo o dia de trabalho, em intervalos, minha mente ia a um lugar vazia dizendo: "o que se perdeu? o que terminou?" E mormurrei: "acabou, acabou", consolando-me com palavras. As pessoas notaram o vazio do meu rosto e a falta de objetivo de minha conversa. As ultimas palavras das minhas frases sumiam e quando abotoei meu casaco para ir para cara, disse mais dramaticamente: "Perdi minha juventude".
o ator-chuva faz chover sobre o ator sentato.
atriz diz:
_O sol brilhava em um céu limpo.