outro trecho de caio - de "o dia de ontem"
"então eu te disse que me doíam essas esperas, esses chamdos que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem palavras e às vezes nem a pessoa exatas. e que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse. disseste de repente que precisavas ter os pés na terra, porque se começasses a voar como eu todas as coisas estariam perdidas. a droga corria em meus adentros abrindo sete portas entorpecendo o corpo e fazendo cintilar a mancha escura no centro de minha testa. mas eu te ouvia dizer que sabias ser necessário optar entre mim e le, e que optarias por ele por comodidade, para não te mexeres daquele canto um pouco escuro e um pouco estreito, mas teu - e que optarias por ficar comigo porque a minha loucura te encantaria e te distrairia, embora precisasses te agitar e negar e ouvir e sobretudo compreender novamente tudo todos os dias. e disseste que optavas por mim. eu ja sabia. por isso não tesisso que comigo seria mais difícil do que com ele. porque sabias também que todos os de-repentes eu estaria abrindo as asas sobre um desconhecido talvez intangível para ti. não dissemos, mas concordamos no silêncio cheio de livros e jornais entre nossas duas camas, que querias a salvação e eu a perdição - ainda que nos salvássemos e nos perdêssemos por qualquer coisa que certamente não valeria a pena. nem era preciso dizer que não era preciso dizer: eu era o teu ado esquerdo e tu eras meu lado direito:nos encontravamos todas as noites no espaço exíguo do nosso quarto.
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